José Guilherme Caldas manda um recado ao YCI após a travessia do Atlântico

 

Após a travessia do Atlântico em parceria com Leonardo Chicourel,  José Guilherme Caldas, comandante do Mussulo 40  Team Angola Cables, que chegou esta manhã à Bahia, achou um tempo para gravar uma mensagem aos sócios do YCI e os velejadores do clube.

Mais uma vez, o Yacht Club de Ilhabela parabeniza nosso associado José Guilherme por mais esta travessia!

 

Video gravado por Flavio Perez/Transat Jacques Vabre

A vela brasileira completou mais um capítulo na sua história com a chegada do Mussulo 40 Team Angola Cables na Transat Jacques Vabre 2017. O único barco brasileiro desta edição da regata de 8 mil quilômetros completou a prova às 9h24 (Horário de Brasília), desta segunda-feira (27), após 21 dias, 22 horas e 59 minutos de navegação desde Le Havre, na França.

A dupla, formada pelo angolano José Guilherme Caldas e pelo baiano Leonardo Chicourel, ficou na 11ª colocação entre os Class40. Os velejadores foram recebidos na entrada da Baía de Todos-os-Santos por 15 embarcações, uma verdadeira festa em Salvador, na Bahia, logo nas primeiras horas do dia.

”Não tenho palavras! Não me lembro de ter tido um presente tão bonito. Me sinto muito honrado e responsável por isso tudo. Nem sei se eu mereço tudo isso”, disse o baiano Leonardo Chicourel. ”A largada foi dia 5 de novembro. A gente saiu do barco na noite anterior. Foram muitas dificuldades. Queria chegar aqui antes com melhor resultado. Mas sabemos, eu e ele, a luta que foi para chegar aqui. Isso já é uma vitória”.

Ainda no píer do Terminal Turístico Náutico da Bahia, José Guilherme Caldas e Leonardo Chicourel prometeram repetir a campanha na edição de 2019. Novamente a bordo de um Class40. ”Vamos participar da Transat Jacques Vabre 2019. Se tiver a chance de ter um melhor budget (orçamento) podemos ter melhor desempenho. Uma coisa está relacionada com a outra. E mesmo que a gente dispute com o nosso barco certamente teremos um melhor resultado”, confirmou José Guilherme Caldas. ”Foi a melhor experiência que tivemos. Agora sabemos que a gente precisa para estar melhor preparado”.

Dificuldades superadas

O Mussulo 40 Team Angola Cables teve problemas durante a regata. Nos primeiros dias de prova, a dupla foi obrigada a fazer um pit-stop em Camaret, na França, para reparar alguns problemas, como o piloto automático, por exemplo. Eles passaram 30 horas para conserto, a maior parte desse tempo esperando as peças chegarem. Enquanto isso, os adversários iam abrindo vantagem pelo Atlântico. A diferença deles para o V and B, vencedor da Class 40, foi de 4 dias e 12 horas.

”A primeira parada em Camaret foi ruim, com muito frio e dificuldade para achar as peças adequadas. Mas a gente nunca pensou em desistir. Isso não faz parte do espírito de um brasileiro e de um angolano, que persistem até o final para conseguir fazer o que eles querem. A gente sabia que depois de 30 horas parados não teríamos chance de conseguir uma colocação melhor”, contou José Guilherme Caldas, que já fez várias vezes a travessia da Europa para o Brasil em veleiro.

Novato em cruzar o Atlântico, mas experiente em modo regata, Leonardo Chicourel foi uma espécie de MacGyver no Class40. Subindo no mastro, costurando vela, adaptando coisas a bordo. ”Tinha muita gente mandando energia positiva pra gente. Quando estávamos parados em Camaret, recebemos muitas mensagens para continuar. Isso foi um diferencial”.

Emocionado pelo carinho dos amigos de Salvador, Leonardo Chicourel espera que outros baianos como ele corram regatas e representem o Brasil. Mas nada disso seria possível sem a ajuda do companheiro José Guilherme, que milita na vela por anos. ”Eu tive a oportunidade. Encontrei esse anjo aqui (José Guilherme). Comecei a trabalhar fazendo delivery do barco dele e um dia ele me chamou pra correr uma regata. Era um sonho que eu tinha desde pequeno quando recebia a Transat Jacques Vabre aqui com meu pai aqui em Salvador. Mas para começar a trabalhar com o barco, eu tive que desistir desse sonho. E quando vi estava aqui”.

O Mussulo é o segundo barco brasileiro a disputar a Transat Jacques Vabre. Na edição de 2015, o campeão olímpico Eduardo Penido fez dupla com Renato Araújo a bordo do Zetra. Os dois terminaram a regata, que teve como destino Itajaí (SC), na sexta colocação. Em 2005, Walter Antunes foi o primeiro brasileiro a fazer o mesmo trajeto entre Le Havre e Salvador.

Outros vencedores

Os quatro vencedores da Transat Jacques Vabre 2017 foram definidos na semana passada. Na Ultime, o campeão foi o Sodebo Ultim’ com a impressionante marca de 7 dias e 22 horas de Le Havre a Salvador. Na IMOCA 60, a vitória ficou com St Michel – Virbac e na Multi50 deu Arkema. Na classe do Mussulo, a Class40, o primeiro dos 16 barcos a chegar foi o V and B.

A regata largou em 5 de novembro com 37 barcos. Apenas seis ficaram pelo caminho por problemas técnicos, quebras ou capotagem.

Veja aqui a entrevista

Por Flávio Perez

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